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sábado, 28 de março de 2015

Castelos do Brasil



Muitas pessoas não sabem, mas o Brasil possui em seu imenso território numerosos Castelos, que foram e estão sendo construído desde a fundação deste país pelos portugueses em 1500, até nossos dias.

Muitas pessoas desconhecem esta realidade, e ainda afirmam que o Brasil não possui nem um único castelo “verdadeiro”. Para sanar as dúvidas destas pessoas iniciaremos uma série de postagens intituladas de “Castelos do Brasil”, onde iremos contar um pouco da história dos principais Castelos Brasileiros.

Ao contrário do que muitos pensam, Castelos não foram apenas construídos no Período Medieval. Os primeiros Castelos surgiram com a finalidade de defesa, quando após o fim do primeiro Império Romano do Ocidente (que seria depois Restaurado pelo Beato Imperador Carlos Magno), os Senhores de Terras da Península Itálica cercaram de altos muros as suas Villas de campo, com a finalidade de impedir a invasão. Os camponeses, que a partir desta data sediam os seus direitos sobre as suas pequenas propriedades para o Senhor local, e em troca ganhavam a sua proteção militar, passaram a buscar refúgio nestes primeiros Castelos quando do perigo de invasão.

O período das construção dos Castelos durou até o ano de 1914, quando após o fim da I Guerra Mundial a maioria das Monarquia Europeias foram abolidas, e as famílias Nobres perderam o interesse na Construção de Castelos.

Nada impede, porém, que Castelos sejam construídos em nossos dias. O que define um prédio como um Castelo é que este seja construído seguindo alguns princípios arquitetônicos. O Castelo pode ser construído em qualquer um dos seguintes estilos:

- Neoromantismo: Estilo arquitetônico em que prevalecem as linhas do período romântico. Neste estilo o que prevalece é o amor pela plena convivência entre a civilização e a natureza.
- Neogótico: Estilo arquitetônico em que prevalecem as linhas do Gótico. A principal inspiração para estes Castelos são os Castelos alemães dos século XV, bem como os prédios e palácios ingleses do período Tudor.
-Neogótico-Decorado: Estilo arquitetônico em que prevalecem as linhas do Gótico. A principal inspiração para estes Castelos são os Castelos e palácios franceses dos séculos XIII ao XVII
- Neorenascentista: Estilo arquitetônico em que prevalecem as linhas da Renascença. A inspiração destes Castelos é geralmente os Palácios italianos do Renascimento.
- Neobarroco: Estilo arquitetônico em que prevalecem as linhas do Barroco. A principal inspiração para estes Castelos são geralmente os Palácios Italianos do século XVII.  
- Neoclássico: Estilo arquitetônico em que prevalecem as linhas A principal inspiração para estes Castelos são geralmente os Palácios Italianos do século XVIII e XIX.  
- Misto: Estilo em que se combinam, de forma harmônica, dois ou mais estilos que foram acima listados.

Alguns exemplos de Castelos brasileiros: 

 Castelo do Batel, Curitiba, Paraná. Castelo construído em estilo Misto, com influência do Neobarroco e do Neoclássico.


Castelo Alto do Bronze, Porto Alegre, Brasil. Castelo construído em estilo Neogótico.


Castelo de Itaipava, Petrópolis, Rio de Janeiro. Castelo construído em estilo Misto, com influência do Neogótico e do Neorenascentista.


Castelo da ilha Fiscal, Rio de Janeiro, RJ. Castelo em estilo Misto, com influência do Neogótico e do Neogótico-Decorado.


Castelo e Basílica de Nossa Senhora do Rosário, São Paulo, SP. Castelo em estilo Neogótico-Decorado (ainda está em construção)

sexta-feira, 20 de março de 2015

A Maldição dos Farnese, fonte do "azar no amor" de muitos Príncipes?


Todos os assíduos leitores deste Blog de Cavalaria, já conhecem o modo de escrever que prevalece neste site: Uma escrita crítica, um pouco ácida, e sobretudo, impessoal; porém hoje me toca (isto mesmo, estou por hora abrindo mão do "Nós" para falar em primeira pessoa), escrever de modo mais direto, já que falarei sobre um tema extremamente delicado: A Maldição Farnesiana.

A falta de habilidade de muitos Príncipes para o amor (príncipes estes que de "encantados" nunca tiveram nada) passou a ser explicada por meio de lendas, que justificavam por meio do sobrenatural algo que um psicólogo mediano explicaria de forma bem diferente. Passou-se assim, por meio de lendas e maldições, a se explicar a maior parte dos fracassos sentimentais da aristocracia.

Assim, praticamente cada Dinastia que algum dia reinou sobre um palmo de terra que fosse, passou a ser acompanhada, aos olhos do povo, por alguma maldição indissolúvel, que os impediria de encontrarem a felicidade. Os Grimaldi, que reinavam e ainda reinam sobre o Principado de Mônaco, passaram a serem amaldiçoados, uma vez que Rainier I, Chefe da Dinastia, sequestrou e violentou uma moça, que lhe rogou a seguinte maldição: "Nunca um Grimaldi encontrará verdadeira felicidade no casamento." Nascia assim a Maldição dos Grimaldi.

Casamento de Vincenzo Gonzaga e Maria Eleonoroa de Médicis

Com os Gonzaga não foi diferente: Afirma antiga lenda que Vincenzo I Gonzaga, Duque de Mântua, casou-se com Margarida Farnese, filha do Duque de Parma Alexandre Farnese (cuja "Maldição Farnesiana" veremos na sequência), mas que deste casamento não nasceu nenhum filho. Indignado, o Duque de Mântua passou a submeter a aristocrata esposa a grande sorte de humilhações perante toda a Corte de seu principado, para forçar há uma anulação de seu matrimônio. A anulação não demorou a chegar, mas a esposa repudiada, ao saber que o marido já planejava casar-se com a Princesa Maria Eleonora de' Medici, desejou que aquela família se extinguisse na próxima geração, e que seus varões não pudessem, nem quisessem ter filhos. Realmente não demorou, pois após a morte de Vincenzo I, quem lhe sucedeu foi seu filho Francesco IV Gonzaga, que não teve filhos, sendo sucedido por seu irmão Fernando I, que também não teve filhos, que finalmente foi sucedido por seu irmão mais novo, Vincenzo II, que morreu sem ter filhos, pondo fim a Dinastia dos Gonzaga justamente em uma geração após Vincenzo I. Foi a Maldição dos Gonzaga. 

Papa Paulo III Farnese

Finalmente a Maldição Farnesiana, a mais famosa, quiçá por ser repleta de personagens ilustres, quiçá por ainda estar, teoricamente, em pleno funcionamento. 

Como todos sabem, a Dinastia dos Farnese tornou-se famosa por ter ganhado notoriedade pelo Papa Paulo III Fanese, nascido Alessandro Farnese, foi educado na Corte Pontifícia do Papa Alexandre VI Borgia, de quem aprendeu os mais "distintos" métodos, uma vez que sua irmã Giulia Farnese foi a principal amante do Papa Alexandre VI. 

Ainda Cardeal, Alessandro Farnese passou a ter uma vida quase "marital" com a jovem da alta Nobreza Romana Silvia Ruffini, com quem teve ao menos quatro filhos: 
- Costanza Farnese (1500-1545)
- Pier Luigi II (1503 - 1547) que veio a ser o 1.º duque de Castro e 1.º duque de Parma;

- Paolo Farnese (1504 - 1513);

- Ranuccio Farnese (1509 - 1529).

Papa Paulo III e seus filhos: o início da Maldição Farnesiana

Alessandro Farnese não foi de longe o primeiro Cardeal a ter filhos, mas foi o primeiro que escandalizou à Europa com os "favores" prestados aos filhos. Após Eleito Papa, reinando com o nome de Paulo III, tratou logo de enriquecer a Família Farnese, tirando dos Estados Papais enormes extensões de terras, que passaram a constituir os Ducados de Parma e de Castro, e os doando em seguida para seu filho mais velho. 

Não satisfeito com as doações Papais/paternas, Pier Luigi II Farnese aliou-se ao Sacro Imperador Carlos V no chamado Saque de Roma, quando as tropas Imperiais atacaram e saquearam a Cidade de Roma, lhe roubando os maiores tesouros. 

Indignados pela falta de ação de Paulo III, os Cardeais da Cúria Romana se reuniram e, na presença do Papa, rogaram uma praga, que atingiria a Pier Luigi II Farnese e a todos os seus descendentes: "da mesma forma que o Papa Paulo III Farnese foi feliz no amor, e que desta felicidade nasceu a ruína da Igreja, NENHUM dos descendentes de Pier Luigi Farnese conheceriam a felicidade nos assuntos do amor". 

Tanto Paulo III, como Pier Luigi, pouca importância deram à maldição. Pouco depois em 1547, durante uma conspiração nobiliárquica, Pier Luigi II Farnese foi enforcado numa janela do seu palácio em Piacenza. O representante de Carlos V, Ferrante Gonzaga, ocupou o Ducado embora posteriores mudanças fizeram com que o ducado fosse devolvido a Ottavio Farnese, filho de Pier Luigi II Farnese, em 1551.

Pier Luigi II Farnese foi seguido como Duque de Parma por seu segundo filho, Ottavio I Farnese, que foi forçado a casar com Margarida da Áustria, filha do Imperador Carlos V, o mesmo que havia feito matar seu pai poucos anos antes. O casamento foi um fracasso, e o sogro imperial várias vezes tentou matar Ottavio I, que vingou-se do sogro por meio da esposa, tendo uma série de filhos ilegítimos com mulheres da Nobreza Romana, tal qual seu avô, o Papa Paulo III havia feito. Uma destas filhas, Ersilia Farnese (1565-1596) foi dada em casamento ao Conde Renato Borromeo, Conde de Arona (da mesma família Borromeo da qual veio São Carlos Borromeo). Deste casamento nasceu Giustina Farnese-Borromeo, que foi dada em casamento ao Príncipe Francesco I Galli, Duque de Alvito, Conde del Trè Pievi e Marquês de Scaldasole. 

Francesco I desconhecia a Maldição dos Farnese, que sua esposa era portadora, mas suas descendência logo ficaria marcada. Sua primeira filha, Partenia Farnese Borromeo Galli, casar-se-ia três vezes, e três vezes ficaria viúva sem ter filhos. Seu filho Tolomeo III Galli se casaria com Ottavia Grimaldi Trivulzio (de onde surgiria a Casa de Trivulzio-Galli), e logo a Casa de Trivulzio seria extinta. 

Após pouco tempo a Casa de Farnese deixou de existir, assim como a maior parte dos ramos da Casa de Galli. Outro ramo dos Farnese é a Casa Real da Espanha, que bem sabemos o quanto possui casamentos tristes e arruinados.